Aviso: Esse texto é um material de apoio complementar aos nossos podcasts.
Escute o Podcast “Yaoi ft. Bia Purin”
Hoje em dia o público que consome Yaoi tem crescido muito. Obras com essa temática são conhecidas por sua popularidade entre garotas, porém o público masculino tem crescido também por causa da fama que algumas histórias alcançam. Mas afinal, o que seria um mangá ou anime yaoi?
O que é Yaoi?
Yaoi, Boys’ Love (BL) ou shounen ai são parte de um gênero de publicação que têm o foco em relações homoafetivas entre dois garotos. Apesar de serem histórias com a mesma temática existe uma pequena diferença entre esses gêneros.
Yaoi é um subgênero, assim como Yuri (histórias que abordam o relacionamento entre duas mulheres). Histórias yaoi tem como foco relacionamentos homoafetivos com sexo explícito entre dois garotos. Já o Boys love (BL) ou Shounen-ai tem como foco mostrar o romance entre o casal sem necessariamente mostrar uma interação sexual.
Também temos o Bara. Considerado Yaoi no ocidente de forma errônea, Bara têm como principal público homens homossexuais, sendo considerado “men’s Love” (ML). É totalmente diferente do Yaoi porque foca em diferentes aspectos da masculinidade.

(Fonte: Revista JUNE)
O termo Yaoi se originou no Japão e inclui mangá, anime, romances e dōjinshis. Começou em 1961 através da autora Mari Mari que já abordava a temática de romances homoafetivos em sua literatura e assim iniciou um movimento chamado “Tanbi Shousetsu” que traduzido significa “romances estéticos” com a obra “A Lovers Forest”.
O Yaoi como a gente entende hoje surgiu no início dos anos 70 pelas mangakás conhecidas como parte de um novo período com mais representatividade feminina na produção literária. A era das “fabulosas de 24” foi construída por autoras que tinham por volta de 24 anos na década de setenta e começaram a assumir esse espaço.
Seme e Uke?
Existem dois termos muito usados pelos fãs de yaoi: Seme e Uke. Seme é derivado do verbo semeru que significa atacar e Uke também é derivado de um verbo, ukeru que significa receber. Ambos verbos são muito usados em artes marciais.
O Seme normalmente é o “ativo” e os personagens geralmente são mais altos, mais velhos, mais seguros de si do que o Uke, que no caso é o passivo. O Uke sempre é tímido, menor e muita das vezes tem uma aparência “afeminada” se comparado ao Seme. Porém esses aspectos não são uma regra para as histórias e o mais interessante é quando os autores descartam totalmente esses estereótipos.

Esses romances homoafetivos foram criados para agradar mulheres e satisfazer fetiches, mostrando muitas vezes romances mais profundos, delicados, e sentimentais. Há também o fator “romance proibido” por conta do preconceito que sociedade tem contra o casal e também a forma como os personagens passam a lidar com isso. Ver dois homens enfrentando a barreira do preconceito e aceitando seus sentimentos é incrível e rende histórias de amor que dão um quentinho no coração.
Amor tóxico?
Mas nem tudo são flores. Infelizmente, assim como grande parte dos gêneros, Yaoi e BL também têm seus problemas: alguns autores trazem em suas histórias relacionamentos abusivos, fisicamente e psicologicamente, estupro e até mesmo fetiches tóxicos, fazendo assim com que isso seja romantizado e muita das vezes “aceito” pelas pessoas que consomem. É preciso procurar muito bem para encontrar histórias com relacionamentos saudáveis, consentimento sexual de ambos os lados e também um final feliz.

Além disso a representatividade feminina nessas obras é baixíssima, fazendo parecer que nessas histórias não existem mulheres. Isso pode acontecer por causa do próprio público consumidor: Para muitas Fujoshis, (apelido para definir as fãs de yaoi) ter uma personagem feminina na história ativaria o fator “competição entre garotas” fazendo com que a leitora se comparasse com a personagem feminina da história.
Também existem obras que inventam algum motivo para as mulheres terem sido extintas e por isso naquele universo os homens se relacionam, o que é uma saída narrativa homofóbica – colocar como se os homens só se relacionassem por se tratar da última opção.
Por fim, também há o machismo e a falta de aceitação da feminilidade, ver apenas homens em uma história pode parecer para algumas mulheres ser mais interessante, porque muitas mulheres criadas em sistemas sociais machistas inconscientemente podem achar o protagonismo masculino superior.
Considerações Finais:

Como mencionado anteriormente, é preciso procurar com cautela para encontrar histórias saudáveis, mas também quando se encontra uma história que é um bom exemplo (como Yuri on Ice), essa história vai te proporcionar um turbilhão de bons sentimentos afinal, bons autores conseguem te fazer sentir o amor que seus personagens estão vivendo desde o primeiro olhar até o “felizes pra sempre”.
Yaoi saudável é maravilhoso. Vamos contemplar o amor!